Entrevista – Guilherme Arantes
Guilherme Arantes é uma das minhas maiores influências. Tive a oportunidade de conhecê-lo aqui em São Paulo num pocket show no Shopping Cidade Jardim. É um cara tranquilão, gente boa e gosta de contar histórias. Para quem não conhece bem ele, é muito mais do que um hit**maker de novelas. Com espírito contestador e opiniões polêmicas, sempre foi contra a forma das gravadoras trabalharem.
Tem mais de 25 discos gravados, já demonstrou sua versatilidade em várias composições, desde o Moto Perpétuo (banda de rock progressivo dos anos 70, da qual foi líder), passando pelos seus primeiros discos solo, fazendo sons de Bossa Nova (com elogios de Tom Jobim) e até gravou sons new age.
Ele está na ativa com disco novo, assinou novamente com a Som Livre, está com site novo também, agenda de shows cheia (quem estiver aqui em Sampa é só se ligar na programação do bar Brahma no centro) e com sua produtora Coaxo do Sapo produzindo bastante. Pedro Arantes, seu filho, é produtor musical e juntos eles vêm desenvolvendo um trabalho de formação de uma nova forma de encarar o mercado brasileiro.
Agradeço ao Pedro Arantes pela parceria ideológica e ao Guilherme Arantes pela oportunidade. Com vocês Guilherme Arantes!
[Zeca] Qual a tua memória musical mais remota?
Do Ray Charles, cantando “I Can´t Stop Lovin´You” e da Celly Campello cantando “Banho de Lua”. Também de meu pai, grande médico e músico amador, que tocava muito bem violão, cavaquinho e bandolim, de ouvido…
[Zeca] E o Moto Perpétuo, do que você lembra?
O Moto Perpétuo foi uma banda antológica, de grandes músicos, que eu tenho um orgulho imenso de ter sido mais que um membro, mas o líder. É um trabalho a ser retomado, a qualquer tempo, pois é atemporal.
[Zeca] Os Beatles foram uma grande influência pra você, quais outras bandas você curte?
O Captain Beyond é a maior delas – talvez a banda mais fantástica que jamais existiu, formada por ex-membros do Iron Butterfly (o baixista, Lee Dorman), do Deep Purple (o primeiro vocalista Rod Evans) e mais os guitarristas Rhino e especialmente o gênio Larry Reinhardt, sem falar no baterista inigualável Bobby Caldwell, um capítulo à parte…
Nunca houve nada igual. Ponto final. O resto, é o resto.
Nunca obteve êxito, principalmente por ser banda californiana, numa cena totalmente dominada por britânicos. Aliás, a Inglaterra, ilha-mãe, também uma abominável-ilha-de-veados, foi autora das maiores injustiças com artistas fora-do-circuitinho-fashion que eles habilmente criaram.
Claro que adoro o Led, o Who, o Purple, o AC/DC, mas também o Dire Straits, todos os progressivos Yes, ELP, Le Orme (italiano), Faces/Rod Stewart, Gentle Giant, Donovan (muito Donovan !!!!), T-Rex , e tudo o mais que tenha órgão Hammond (Gainsbourg, Procol Harum, Aphrodite´s Child, etc..)
[Zeca] E essa loucura dos anos 80?
Ainda é uma loucura, quase inadministrável, mas enfim, para quem não é? Vamos em frente… Sem nos vender…
Como tá a música brasileira hoje, os novos artistas, as novas bandas, essa coisa toda…
Está uma bosta, pra falar a verdade, não sabem mais fazer hits. Nem mesmo fazer o mercado sabem mais. Só tem mulheres, que eram tabus; pois se antes só tinha sapatões, agora só tem divas-filhas-de-granfinos. Uma monotonia geral. Uma chatice. Ninguém estoura. Tudo meia-bomba que não vende porra nenhuma….
[Zeca] Como é o lance da Coaxo do Sapo?
Olha, quero ser, no mínimo, um Aloysio de Oliveira, um Midani.
Só não quero assinar músicas que eu não compus como certo produtor (o maior de todos) do Pop Brasil, faz….