Calma, pequenininho
Quem era ele? Quem era ele, afinal, que me batia à porta, às escuras, às entranhas? Quem era aquele ser que sequer existia e me angustiava tanto? Quem? Quem poderia ser aquele grãozinho, miudinho, cotoquinho de arroz com quem eu já brincava e amava sem mesmo ter a certeza de tê-lo sentido? Era ele que carregava entre os glóbulos fios de nosso amor? Fios daquela manhã entorpecida? Que ria, com um ou dois dentinhos dando bandeira, dizendo pra gente deixar de leseira porque o mundo era bem mais leve do que estávamos supondo?
Era ele o bochechudinho que ia nos fazer ter certeza de que a pele de nós dois (três) ainda faz toda a diferença? Seria ele? Seria ele o autor da reconciliação lavrada em cartório e assinada por um médico de homens e de almas? Seria ele a manjedoura do sentido de nossas vidas, o relicário de nosso peito aberto ante a vida monótona que achavamos que tínhamos? Seria ele, aliás, o grande amor de nossas vidas?
Creio que sim, com toda veemência, com todos os sentidos, com todos os dolos. Mas, por obséquio, pequenininho, espera a gente resolver mais um tantinho de problemas com cara de vida moderna para, aí sim, você vir mostrar sua pele fininha, bem branquinha, a este par que te adora, mas ainda chora.