Mulheres-Macho - Nana was always a strong woman (Foto: Lisa Folino)
Nana was always a strong woman (Foto: Lisa Folino)

Mulheres-Macho

Coluna • 23 de junho de 2009 • Jana Lauxen

Que a liberdade feminina, conquistada a trancos, barrancos e muita calcinha queimada em praça pública veio a calhar, ninguém duvida. Que nós, mulheres deste Brasil, estamos a passos largos desbravando nosso espaço em uma sociedade grosseiramente machista, também.

Sim, minhas amigas, chegamos chutando a porta e fazendo um gritedo: também queremos, oras bolas! Trabalho, salários altos, cargos importantes, responsabilidades, direito de dar para quem quisermos sem que, para isso, precisemos nos apaixonar perdidamente e querer subir ao altar.

A questão é que, desde os primórdios da existência humana, onde está o antídoto está também o veneno. E é aqui, justamente aqui, que se encontra o problema.

A maioria de nós, empolgada com essa história de liberdade e igualdade, perdeu a linha e, ao invés de aproveitarmos apenas as vantagens conquistadas (que antes pertenciam somente a eles), acabamos assumindo também seus defeitos, suas falhas, suas distorções. Pior que isso: seus mais estúpidos defeitos, falhas e distorções.

Resultado? Mulheres estressadas, frustradas, sobrecarregadas, a beira de um ataque de nervos. E por quê? Porque se eles podem ser vulgares, nós também podemos. Se eles podem comer qualquer uma e ir embora assoviando, nós também podemos. Se eles podem trair, mentir, enganar, iludir, nós também podemos. Se eles podem… Epa, calma lá! Não é exatamente assim que a banda toca, minha gente!

Explico-me: vocês sabem e eu também sei que nós, mulheres, possuímos características biológicas e emocionais completamente diferentes de nossos amigos homens, e não há revolução feminina capaz de mudar esta condição. Somos mais sensíveis, e usamos com muito mais vontade o lado direito do nosso cérebro, responsável pelos tais sentimentos.
Por exemplo: sexo. Todo mundo sabe e, inclusive, já está bege de tanto saber que os homens separam, com espantosa facilidade, o sexo do amor.

Nós, não. E não adianta fazer essa cara de que sim, você também separa, porque é mentira e você sabe. Lá no fundo, você sabe. A mulher se envolve, e sempre acaba acreditando que, desta vez, quem sabe?

Todas, TODAS são assim. Inclusive eu e você, e principalmente aquelas que gostam de dizer justamente o contrário. Mas não entre em pânico, isso não é culpa nossa. Não só nossa. É culpa também de nosso cérebro, de nossas emoções, de coisas sob as quais não temos controle. Por isso, sempre que uma mulher assume para si aquilo que pertence, somente e tão somente, aos homens, acaba se estrepando.

E sofrem, e se decepcionam, e tomam Prozac, e se tornam amargas e deprimidas.

Não, chega disso, meninas! Vamos parar de brincar de mulher-macho e tratar de nos conhecermos melhor. Saber o que, enquanto mulher e enquanto indivíduo, realmente queremos, e o que realmente serve e interessa para a gente.

Não precisamos e, principalmente, não devemos assumir, junto com as conquistas e direitos, os erros e os defeitos e as besteiras que os homens sempre impuseram sobre nós.

Se eles podem comer qualquer uma e sair assobiando, deixem que comam e saiam assobiando. Problema deles.
Se eles podem ser machões e ignorantes, vulgares e estúpidos, que sejam.

Nós podemos ser apenas quem realmente somos.

E para isso, não podemos cair no erro de acreditar que, para conquistarmos nosso lugar por aqui, e para sermos respeitadas e termos liberdade, precisamos ser exatamente como eles.

Deixe esse estereótipo patético de mulher-macho para lá, e vá tratar de ser a mulher que você é.

Porque essa sim é única, e verdadeiramente livre.