A Filosofia da Comunicação - Foto: Gambar Hiasan
Foto: Gambar Hiasan

A Filosofia da Comunicação

Matéria • 3 de novembro de 2009 • Gabriel Kafure

Um novo ciclo surgiu, um recomeço para uma nova comunicação. A comunicação do Homem com a Natureza, tanto interior quanto exterior, contando também com tudo o que nos rodeia. Está tudo implícito dentro de nós, basta descobrirmos quem realmente somos e permitirmos o redescobrirmos da nossa causa inicial de estar aqui.

Assim é como nos comunicamos. Quando pensamos o que vamos falar, como dizer, o que devemos comunicar é justamente uma reação daquilo que se vem fazer dentro da vida. E é essa a palavra escolhida para abrir essa comunicação: vida.

No século XX Michel Foucault indicou-nos o tempo do conhecimento, a micro física do saber e o seu paradoxo com o macrocosmo de uma árvore do conhecimento. Esse dito inicia um estudo para percebermos que dentro dessa árvore do conhecimento é necessário entender, agora, a comunicação como a união de diversas linguagens. Assim, os séculos XIX e XX significaram a transição de um pensamento hegemônico físico-químico, para um pensamento bioethoslogico.

Isso parece ambicioso ou talvez reles para a elevação da filosofia, mas não é a filosofia uma amizade pela sabedoria, uma vontade de verdade mais simples e sabia, e menos universalista do que a ciência tem procurado em seu passado? Ora, a filosofia não é então para todos uma necessidade para a Vida? Se a filosofia não é necessária, as humanidades são indispensáveis. E não é a filosofia a cabeça das humanidades? Será possível, através da filosofia, chegar ao conhecimento? Apostamos que sim, senão não seríamos filósofos. Acreditamos que o papel substancial da filosofia está no pensar o conhecimento além da informação, e chegar ao conhecimento pelo pensar próprio.

A filosofia foi o elo de união entre ciência e religião e mesmo hoje adotando um caráter mais científico mantém uma capacidade apolínea primeira de um “conhece-te a ti mesmo”, sendo, assim, um elo de ligação entre o ser humano com um todo e o mundo. Ainda que Nietzsche tenha dito tanto contra Sócrates e discursado pela necessidade de quebrar o apolíneo em favor do Dionisíaco, não foi o próprio Zaratustra que declarou o homem ponte como o elo entre o homem e o super-homem. Que homem ponte é esse? O recurso escrito se mostra extremamente limitado, mas ao mesmo tempo um exercício de uma manifestação do Logos múltiplo, de perceber as diversas razões e objeções a um único discurso mental. Devemos compreender essa ponte respeitando a reminiscência, que nos remete a Aristóteles e Platão, para despertar a filosofia em todos que estão querendo ou necessitando. Será impossível fazer filosofia para um surdo mudo? Serão ignorados os livros neurolinguistas que atestam essa possibilidade de certa forma?

É necessário abrir os olhos no sentido de uma visão tolerante e numa vontade de conhecer aquilo que não é interesse, vontade essa que já foi chamada de curiosidade filosófica, mas hoje está além no sentido de ser acima da filosofia e da curiosidade, e uma vontade de conhecer o mundo como holos. Devemos desenvolver os dois lados cerebrais. Isso é uma tarefa extremamente difícil já que somos criados para ser destro, o que não é, por completo, uma agressão, e sim um desenvolvimento.

Foucault diz que “as palavras (da filosofia) se propõem ao homem como coisas a decifrar. A grande metáfora do livro que se abre, que se soletra e que se lê para conhecer a natureza não é mais que o reverso visível de uma outra transferência, muito mais profunda, que constrange a linguagem a residir ao lado do mundo, em meio as plantas, as ervas e animais”.

A vontade de comunicar e a capacidade de comunicar ainda estão distantes e limitadas. Hoje, a web, a teia mundial, esta para todos, mas nem todos estão para ela. E indo além se chega a dizer que estão decapitando a comunicação ao ponto de pensarmos que só nos salvaremos pela telepatia. A antipatia é um sentimento crescente, a falta de vontade de se comunicar de informar é algo alarmante. No século da comunicação em que as pessoas usam aparelhos celulares de diálogo instantâneo não conseguem se comunicar com alguém desconhecido. Ou então não conseguem se entender com os conhecidos. Por que tanto caos, por que tanta briga? Por que devemos viver ainda no tempo das conquistas? O que é a conquista? Nisso Maquiavel pode nos ajudar um tanto.

Colocando-se a questão do excesso de informações extravasando muitas vezes as portas das percepções. Ora, é impossível passar um elefante ou uma girafa por uma porta de uma casa comum aos moldes ocidentais. Então, é necessário portas perceptivas mais largas e como chegar a isso é um desafio. Bom, agora devemos nos perguntar o que tudo isso tem a ver com a comunicação? Bem, já deve ter sido dito que conversando a gente se entende, e se estamos no mundo nos comunicando é necessário chegar a algum lugar. E não é pretendido aqui nessa comunicação chegar ao lugar-comum, por mais que talvez toda a comunicação não tenha esse objetivo. Mas chegar dentro de uma solidariedade com o outro, dentro de uma alteridade efetiva, é algo complicado que pensamos e repensamos a cada dia de nossa vida. Ora, não estamos filosofando com o mundo estamos filosofando com nós, comum-unidade e como-h-uma-unidade, é necessário ouvir se esse é o melhor caminho para dirigir-se da melhor maneira- Essas questões excitam o cérebro rumo ao que estaremos chamamos de comunicação ativa.