Gêmeos - Twin (Foto: Gerd Altmann)
Twin (Foto: Gerd Altmann)

Gêmeos

Coluna • 5 de junho de 2010 • Carlos Costa

Corta o ar como um raio pelo céu profundo e, nesse exato instante, clarifica nossos sentidos. A todo momento, almas se laçam do abismo do pensamento, desencadeando a luminosidade no ar que celebra a majestade dos silfos e o reino da quinta-essência. A rapidez em núpcias com o brilho vibra a íris opulenta da curiosidade, desperta-nos para o alto. E nas alturas envolve-nos em ideias originais como se dela nascesse o pensamento criador. Nada está parado, a mudança será uma constante no desafio do existir. Num fascinante mosaico de linguagens, comunica a totalidade com leveza atmosférica, e não há quem não se encante com o agradável soar dos sinos dos interesses mais variados e da mente arguta. A conversa e o diálogo têm um traço orgasmático, as palavras se movem pela orgia de seus significados e renascem melhoradas após cada morte, sem luto. Pois não há apego aqui, só intensidade que se eleva. E eleva o espírito a experiência única, sem retardo, o gosto delicado do contato entre os humanos. E quando se cala, ainda assim, expressa algo da vontade universal, os lábios do enigma divino. Sua presença marca a memória do aventureiro em cada um, a faculdade de pensar outras coisas, outras fronteiras, outros eus. O ar se torna um fluido poderoso, e as inteligências tecem o valor de cada coisa no encontro com o conhecimento. Formas aladas erguem-se como poderosos anjos diante do mistério da vida. Numa inesgotável fração de tempo, sentimos a ligação com tudo, e dos campos celestes viceja o alimento do conhecimento duradouro.