A religiosidade do presente - O telescópio espacial Hubble capturou o pulso de luz de uma estrela explodindo. (Foto NASA/ Divulgação)
O telescópio espacial Hubble capturou o pulso de luz de uma estrela explodindo. (Foto NASA/ Divulgação)

A religiosidade do presente

Matéria • 8 de agosto de 2010 • Camila Ribas

O médico e escritor francês Régis Alain Barbier lança seu segundo livro no dia de junho às 19h, na Livraria Cultura, com palestra e coquetel aberto ao público. O livro ”Panteísmo, a religiosidade do presente“ é a primeira obra de cunho filosófico sobre o tema escrita em português. O panteísmo é uma ideologia que pressupõe a recriação do conceito divino, em que Deus é visto como o universo, como a própria natureza.

Desconhecidos pela maioria e considerados ateus por muita gente, os panteístas são contra os dogmas, não vêem divisão entre corpo, mente e espírito, não acreditam em vida pessoal após a morte e muito menos se sentem submissos a um deus. Não perdem tempo com idealismos, fazem a separação lógica entre mito e realidade. Um panteísta é antes de tudo um bon vivant, um filósofo que acredita em si mesmo e destrói os conceitos dominantes, pois estes não lhe servem, já que extrai de si próprio o saber, o valor que pode expressar em conceitos e verdades.

O panteísmo é a negação do teísmo baseado na própria intuição, um panteísta não acredita em Deus sobrenatural porque isso não lhe parece crível, não lhe convence. Muitos panteístas se esforçaram para se enquadrar nos conceitos religiosos que lhe foram impostos desde o nascimento, mas, se sentindo como peixes fora da água abandonaram o barco em busca de alguma auto-estima existencial, de uma narrativa que valorizasse a humanidade e não subjugasse os seres em dogmas e supostos pecados.

A necessidade e experiência de ruptura com o sistema religioso dominante foi o que motivou Barbier a escrever o livro, elaborado apenas nos últimos dois anos, mas, pensado há tempos. Ao ser questionado por que o panteísmo é a religiosidade do presente, afirma que o universo sempre existiu, por isso, não há passado nem futuro, mas sim um eterno presente que sempre se transforma. “O tempo não passa, somos nós é que passamos no tempo”, diz. A união mística, sacramento panteísta, acontece no presente.

O livro conta com 12 capítulos, dentre eles, “A origem como presente”, “Religiosidade”, “Religar”, “Autotranscendência”, “Experiência mística”, “Da criatividade dos mitos”, “Mensagem essencial” e “Conjugando o estado de ser”.  Sobre a prudência, o autor escreve “Mais sensato é viver sabiamente, aceitando a incognoscibilidade, o despropósito redutor das teleologias, contentar-se com o sentido essencial, interno, viver um projeto eco-humanista sem maiores pretenções”.

Régis Alain Barbier (Foto: Divulgação)
Régis Alain Barbier (Foto: Divulgação)

Régis Alain Barbier nasceu em Besançon, França, mora em Recife desde 1972. Cursou filosofia antiga, supervisado por Keith Seddon, The Stoic Foundation, London – Great Britain; especialista, pós-graduado em filosofia clínica pelo Instituto Packter; formado em filosofia pela Faculdade de Filosofia São Miguel Arcanjo – Anápolis, Goías. Cursou L’école des Beaux-Arts de Besançon – França.

Médico, graduado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); titulado especialista pelo Colégio Brasileiro de Acupuntura; especialista pela Sociedade de Endocrinologia e Metabologia Brasileira e Associação Médica Brasileira. Como fisioterapeuta exerceu o cargo de professor assistente de cinesiologia e cinesioterapia no departamento de reabilitação da UFPE. É presidente fundador da Sociedade Panteísta Ayahuasca, primeira entidade oficial Panteísta da América do Sul, criada em 2001.

Estudioso de métodos psicológicos como abordagem centrada na pessoa, hipnose ericksoniana, clássica e formas filosóficas de espiritualismo como o taoísmo, budismo e panteísmo. É também autor do livro “De habilis à sapiens, a anamnese de uma crise”, de outros títulos ainda inéditos e de palestras, artigos na área médica e filosófica.