É, eu sou Dzi Croquettes
Na minha cabeça mezzo conservadora, irreverência seria uma palavra que combinava unicamente com “Carnaval pernambucano”. Ledo engano. Jamais conheci algo tão irreverente, carnavalesco, debochado e inteligente quanto o grupo andrógino de teatro, música e deboche Dzi Croquettes. Eles me lembraram talvez Textículos de Mary, mas nada que influenciasse as nossas vidas, até hoje, quanto a “família” Dzi Croquettes. É, você não sabe, mas já falou com o vocabulário criado por eles. No mínimo.
Eis que ontem, sem nada para fazer e entediada, minha irmã traz o documentário homônimo, dirigido por Tatiana Issa e Raphael Alvarez. Apesar das críticas que faço às falas repetidas sem propósito e uma miscelânea entre o documentário e a vida pessoal, em busca de uma homenagem ao pai da diretora, que é filha de um dos antigos técnicos do grupo, o filme é bem bom. Vale a pena conhecer, especialmente, porque eu nunca sequer tinha ouvido falar neles. Os 13 gays que deram pinta no Rio em pleno Regime Militar. E causaram muito, causaram tanto, com tanto profissionalismo, que foi lindo de ver.
Era contracultura. Mas não era só isso. Era deboche do inteligente, mas sabe aquela coisa do surpreendentemente bem feito? Sabe aquela coisa do Ney dançar daquele jeito? É o jeito Dzi de dançar, aliás, que tem tudo a ver com o coreógrafo americano Lennie Dale, do Dzi. Sabe as Frenéticas? Sabe a comédia atual, Miguel Falabella? Até Cinderela? Sabe o vocabulário com “tietagem”, “arrasa”, “meu amorrrr”? É, tudo Dzi…
Os caras eram bons, ganharam grana por aqui, na Europa, Paris então enlouqueceu. E nós, quase mortos-vivos com nossas bundas nas cadeiras confortáveis, precisamos muito conhecer um pouco mais esse babado de Dzi Croquettes. Sério!