A nossa essência - Foto: Daniela Feldman
Foto: Daniela Feldman

A nossa essência

Coluna • 17 de agosto de 2012 • Camila Ribas

É sempre mais fácil reclamar. Mas, mudar que é bom, nada. E o motivo é bem simples: sair da nossa zona de conforto dá trabalho, abre – ou fecha – feridas, recria situações. Isso dói. Quem não quer ver a poeira levantada, fica ali, quietinho, esperando o cano estourar. E aí, meu amigo, pode ser um pouco tarde. Quer saber do que mais? Se mexa. Mudar é bom, faz bem.

Eu percebo que muita gente tem amigos dos quais reclama. Juliana detesta gente que dá toco para o guarda. Mas tem vários amigos assim, viaja com eles e às vezes precisa ser conivente, afinal, não dá pra sair do carro no meio da estrada. Marta é protetora dos animais e cuida de alguns deles, sempre que pode. Mas tem amigos que odeiam – e maltratam – gatos. As discussões sempre terminam em brigas um pouco tensas. Felícia é adepta do budismo, mas sua melhor amiga é ateia. E assim por diante, vivemos em eternos conflitos uns com os outros.

O que eu quero colocar é que, na medida em que a gente convive com pessoas sem a mínima afinidade, ou pelo menos que haja um pouco de respeito, não seremos capazes de viver em plenitude. Imagine casar com alguém que acha simplesmente que seus valores são “idiotas”. Crenças, estilo de vida, abre-se a boca e surge uma crítica. Esse buraco negro entre as duas pontas do relacionamento não só nos torna infelizes, mas nos atrasa. Empacamos como bichos perdidos na escuridão de um céu sem lua.

Uma grande amiga foi um exemplo de como um relacionamento atrasou a sua busca espiritual. Inconscientemente ela não fazia o que queria e desejava para não despertar no noivo sentimentos de desprezo, desrespeito. Por culpa dela, que não percebeu o quanto isso a fazia infeliz, continuou naquela condescendência até o cano estourar. Em menos de um mês depois que se afastou dele, se matriculou na ioga, na dança, frequentou templos budistas, leu tudo o que queria ler. Era ela para ela. Por fim cresceu e se reencontrou.

Muitas vezes nos cegamos por medo de perder algo ou alguém. Mas é preciso pensar mais na frente. Perceber que alguns valores são muito mais importantes que pessoas. É preciso que o outro se encaixe em nós, e não o contrário. É preciso conviver com as diferenças, obviamente, mas sem reprimir o que você tem de bonito aí dentro desse corpo e alma: a sua essência. Seja você, sempre. E potencialize este você com pessoas que querem mais e mais de você, que somem positividade, que andem para o mesmo caminho. Alguém que te dê a certeza de que o futuro os espera. Seja um amigo, um parente, um amor.