Mulheres Farsistas -

Mulheres Farsistas

Coluna • 2 de setem bro de 2009 • Belisa Parente

Tenho percebido que a síndrome da perfeição tem atingido boa parte das mulheres. Já não basta ser inteligente, ter estilo, ser responsável e bonita. Ou ter bom papo e saber seduzir. Elas querem ser TUDO, e para isso, fingem ser pessoas completamente diferentes das que realmente são.

Esse tipinho tem surgido para driblar a concorrência e pegar alguma presa fácil – com a falsa aparência. De repente, passam a amar futebol, a água salgada do mar já não incomoda, comem sushi sem gostar só para agradar, pintam as unhas de vermelho mesmo tendo passado toda a vida usando tons claros, além de aderir ao estilo musical do pretendente mesmo odiando o tipo de som. Ah, elas também são capazes de afirmar que o sonho da vida delas é ser mãe, só porque o carinha comentou que não vê a hora de ser pai. Tornaram-se craques em fazer da vida do outro a própria, assim como esquecer os amigos e perder, quase definitivamente, a personalidade. O que elas não sabem é que a máscara mais cedo ou mais tarde cai – não conseguimos fugir por muito tempo do que realmente somos.

Depois de cinco anos de casamento, com um filho de dois anos, Alexandre descobriu na sua esposa uma pessoa irreconhecível. Os lugares que costumavam frequentar já não lhe agradavam, as roupas dele também não, as reuniões na casa do sogro, antigamente tão esperadas, agora parecia um martírio. A coisa foi piorando com o tempo, até que, em uma das brigas, ela confessou que os estilos deles divergiam, que nunca gostou das festas promovidas por ele, nem de sua música, e que o ‘mundo’ dela era outro. Pois é meu amigo, a malícia humana sempre encontra uma brecha.

É possível gênios diferentes se encontrarem e formarem um casal feliz, desde que cada um saiba o terreno em que pisa e tudo seja posto em pratos limpos. Mas quando a mentira surge logo no início, e enganamos o próximo fingindo ser quem não somos, a vida dá um tapa na cara e o destino passa uma rasteira. Como disse Henry Drummond, “aquele que sabe amar, ama a verdade tanto quanto o seu próximo. Alegra-se com a verdade – mas não com a verdade que lhe foi ensinada. Não com a verdade das doutrinas, das igrejas, nem com este ou aquele “ismo”. Ele se alegra na Verdade”.

É uma lástima que esse tipo de mulher seja real e constante. É uma lástima ver tolos se enganando, às vezes por puro comodismo. Há também os que curtem o tipo submissa por completo. Sem personalidade, caráter, opinião, amigos, sem vida social independente. É uma lástima. Uma lástima essas mulheres farsistas.