A cosmoloucura da natureza humana
Estou suspensa. O abstrato das nuvens e traços de Badida, nenhuma tela, nem mesmo um caco vitral. O rosto que era face evaporou em sons multicoloridos. Sou uma pata loura brincante, um ganso querendo afogar-se, cágado querendo tomate, liberdade com asas, olhos do mistério e da simplicidade. Agora há uma interrogação estilística rasgada na cara, no que era chita e seda.
Fui dispensada de viver como os homens; agora os observo de cima. A saudade por vezes invade. Vivências e amores passados surgem com uma nostalgia absurda. O que foi… O que não foi… O que será? A esperança tem olhos puxados e olhar misterioso Enxertos de cobras em peles de gado, uma multidão de livros em estantes ambulantes, tambores sincopados, negrinhos cantando e dançando. Cavalos galopando, cabras em jardins. Nuvens. Nuvens. Nuvens. Valentia em chutes, tocos e panos esganados. Quanta gente polida, sem vida. Coloco sal no angú, atiço pra ver no que dá.
As pessoas são realmente estranhas. Uma pupila dilatada na calada da noite é um lobisomem, um bicho do mato, uma onça pintada. Calma minha senhora, as pessoas são estranhas, é preciso aprender a amar o tempo. O vento forte bate na porta, os astros arrastam, esquenta o coração, palpita. Não há ilusão. Observo e questiono anéis em cordões. Uma meota, um amor vão? Como é ruim sair daqui, não quero outro mundo, quero o profundo.